2011-01-27

* EU LEIO. E VOCÊ?

 
 Renoir
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Um livro aberto é um cérebro que fala; fechado, um amigo que espera; esquecido, uma alma que perdoa; destruído, um coração que chora. Provérbio hindu.
 

Certa vez, ao visitar a casa de um parente, deparei com o livro A República, de Platão, sobre a mesinha de canto na sala de visitas. Imediatamente, a satisfação invadiu minha alma, achando que estava diante de um leitor de peso.
Então perguntei quem lia Platão e a resposta do primo foi curta:
- Ninguém.
Quis saber o que fazia aquele livro naquele lugar. A esposa dele disse com euforia:
- Compondo a decoração da sala. É moda.
Meio desapontado franzi a testa com ar de decepção. Logo observei mais exemplares esquecidos sobre outros móveis, compondo ambientes dentro de uma casa cheia de cômodos: salas, salões e até jardim de inverno com redes e cadeiras confortáveis. Nos quartos das crianças, várias prateleiras expunham alguns livros encadernados em diversas cores, todos vistos entre porta-retratos, miniaturas de carros, bonecas e outros babilaques decorativos.
- E biblioteca, tem? – perguntei.
- Não, isso aí não tem – afirmou a mulher do meu primo com um sorriso amistoso.
Na hora lembrei-me de uma frase de Parl Rowan:... A biblioteca é o templo do saber, e este templo tem libertado mais pessoas do que todas as guerras da história.
Sem dizer uma só palavra, tratei de recompor o corpo na poltrona e pensar naquilo tudo com bons olhos. Afinal, são livros. De autores da melhor qualidade: Platão, Aristóteles, Kafka, Eça de Queiroz, Guimarães Rosa, Machado de Assis. Tem capa e páginas impressas. São livros, sim senhor! Não dá para não ler. O pensador estadunidense Ralph Emerson estava coberto de razão quando disse que a virtude de um livro é ser digno de leitura.
 

O LIVRO E O LEITOR.


O professor Aires da Mata Machado Filho defendia que, para um livro são necessários dois autores: um que escreve e outro que lê. Isso mesmo.  É o olhar do leitor que completa uma obra literária. Nada de novo sob o sol.
Para Aires, leitor ideal tem algumas características: lê por prazer e para ter uma visão mais ampla da vida e do mundo, imaginando que dessa forma pode compreender melhor as pessoas e a si próprio.
Quem lê por prazer encontra tempo para frequentar lugares onde expõem ou vendem livros. Mesmo que não compre nada, vai ali para garimpar, tocar, folhear e até para sentir a textura do papel.
Leitor ideal não estraga nem rabisca livros. Ao longo da vida constrói sua biblioteca particular e sente o maior orgulho de mostrar aos amigos uma estante cheia livros, funcional e prática como na casa do escritor e amigo Pascoal Motta.
 

         COMO E POR QUE FORMAR LEITORES

. O estímulo começa no berço, segundo a escritora Vivina de Assis Viana, que propõe misturar livros aos brinquedos das crianças desde o primeiro choro.
Aproveitando o conselho, dei um livro para minha sobrinha, a Carolina, quando completou um ano de vida. Exemplar especial, de plástico. A menina pegou o livro e, antes de levá-lo à boca, olhou atenta, tateou, virou daqui e dali como se fosse um brinquedo interessante, que logo estabeleceu com ela uma boa amizade. Parabéns, Vivina.
O escritor João Ubaldo Ribeiro lembra que seu pai proibia os filhos de entrar em sua biblioteca, mas sempre esquecia a porta aberta.
O professor Davi Anigucci, afirma que o livro é um poderoso instrumento de mudanças na sociedade. Defende que... a leitura é sempre alguma coisa espantosa: passamos a decifrar, de algum modo, o mundo através das letras. Em grau maior ou menor, somos tateadores sobre letras. É por esse tateio sobre as letras que tentamos reconhecer o mundo que nos cerca e a nossa própria face neste vasto mundo. Vamos dizer que a experiência da leitura é a nossa ventura, a história romanesca em que penetramos pelos simples ato de abrir um livro.
Criança que toma gosto pela leitura desde cedo vai ler a vida toda. Será um adulto consciente de seu papel na sociedade.
O livro, de uma forma ou outra, melhora a visão.

                   
O BRASILEIRO PRECISA LER MAIS.

O Brasil precisa levar mais a sério a difusão da cultura entre seus habitantes. Encarar o programa Educação para Todos, da Unesco, tem que ser levado a sério.
Nos últimos anos, o governo criou mais vagas nas escolas, mas deixou de avançar na qualidade do ensino. O que é lamentável.
Uma competente arma seria apressar a regulamentação da Lei do Livro no Brasil, sancionada em outubro de 2003 para criar mecanismos de estímulo à leitura nas escolas, e fora dela. Ao Comitê de Regulamentação, sugerimos a criação da Loteria Cultural que pode garantir recursos às Bibliotecas Públicas, implantação de um Selo Postal para facilitar despachos de livros e a inclusão de um livro infantil na Cesta Básica do Trabalhador.
 
Com a Lei do Livro em vigor, aí sim, poderemos fazer do Brasil um país de leitores. Vale a pena.
 
 
** FBN© - 2013 – Eu leio. E você? - Categoria: Crônica. Autor: Welington Almeida Pinto. Original text: portuguese - Iustr.:  Imagem Internet - Link: http://leidolivrobr.blogspot.com.br/2011/01/eu-leio-e-voce.html



 

            Rachel Caieiro




Vídeo

 Livro, a Revolução da Tecnologiav - Vídeo: Produção Argentina.




Pinturas
Matisse



Zolá, pintado por Monet




karin Jurick




Charles Burton




Almeida-Júnior




Isabel Guerra




Picasso




karin Jurick


Van Gogh


Almeida-Júnior


Van Gogh


Rachel Caiano






 


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